No depoimento obtido com exclusividade pelo O Imaranhão, Weslen Pablo Correia de Jesus, conhecido como Bispo Zadoque, confessa sua participação no crime e revela em detalhes como tudo aconteceu no assassinato da cantora Sara Mariano. O depoimento foi prestado ao delegado responsável pelo caso, Dr. Euvaldo Costa.
Bispo Zadoque, de 31 anos, revelou os passos seguidos por ele e seus comparsas, mas negou a versão de que teria um caso amoroso com Ederlan Mariano, marido da vítima. No depoimento, Zadoque confessa sua participação e detalha a quantia que recebeu, assim como o valor recebido pelos outros envolvidos.
Segundo o relato de Zadoque, no dia 24 de outubro de 2023, ele recebeu uma ligação de Gideão, que estava utilizando o telefone de sua esposa Naiara. Gideão questionou se Zadoque daria o celular que havia prometido, ao que ele respondeu positivamente. Logo em seguida, Gideão chegou à residência de Zadoque em um carro emprestado de um vizinho.
Zadoque e Victor Gabriel Oliveira Neves embarcaram no veículo de Gideão, um Nissan Levina branco, e seguiram para o bairro de Valéria, em Salvador, onde Ederlan Mariano residia. O objetivo era entregar o celular de Sara Mariano, que estava dentro do carro de Gideão.
Ao encontrar o celular de Sara, Zadoque suspeitou que algo estava errado, mas mesmo assim pegou o aparelho para entregá-lo a Ederlan. Ao chegarem em Valéria, Zadoque e Victor desembarcaram do veículo e se encontraram com Ederlan nas escadarias de sua casa. Durante a conversa, Ederlan confessou ter cometido o crime e mencionou que precisava se livrar do corpo de Sara.
Ederlan ofereceu a Zadoque a quantia de R$ 2.000,00 para sumir com o corpo de Sara. Zadoque aceitou a proposta e planejou inicialmente embalar o corpo em sacos plásticos. Ele e Gideão compraram cerca de seis metros de plástico preto em uma loja de materiais de construção para usar na tarefa.
No entanto, o plano inicial foi alterado, e decidiu-se atear fogo no corpo para apagar qualquer evidência. Zadoque e seus comparsas pararam em um posto de combustíveis e compraram 5 litros de gasolina, utilizando um galão plástico branco que já estava no carro. Zadoque pagou cerca de vinte reais em espécie pelo combustível.
O assassinato de Sara Mariano foi planejado por Ederlan no mês de setembro de 2023. Na época, Sara estava em Valença/BA participando de um evento evangélico, e Ederlan descobriu que a esposa o traía com um motorista de aplicativo, identificado como Elicácio.
Ederlan contou a Zadoque que havia clonado o celular de Sara e pegou os diálogos entre ela e o amante. Ederlan também pediu para Zadoque criar um cartaz falso de um evento chamado “outubro rosa” em Dias D’Ávila, impedindo a participação de homens e crianças, com o objetivo de evitar que Sara levasse sua filha, Esmeralda, de 11 anos.
Após o assassinato de Sara, Zadoque, Victor e Gideão se dirigiram ao local onde o corpo estava, nas margens da BA093, perto do Povoado Leandrinho. Lá, Zadoque derramou gasolina sobre o corpo de Sara, em um estado avançado de decomposição, e acendeu um isqueiro, provocando o incêndio.
Ao retornarem para Salvador, Zadoque, Gideão e Victor contaram ao cantor gospel Davi Oliveira sobre o crime. Comovido com a dificuldade financeira de Davi, Zadoque decidiu doar R$ 200,00 do valor recebido de Ederlan.
O depoimento de Bispo Zadoque traz novos elementos para a investigação do assassinato de Sara Mariano, reafirmando a participação de Ederlan no crime e revelando a atuação de outros envolvidos. Com base nessas informações, a polícia continuará a apuração do caso, visando a busca por justiça e a elucidação completa dos fatos.
Veja o depoimento completo:
TERMO DE QUALIFICAÇÃO E INTERROGATÓRIO
WESLEN PABLO CORREIA DE JESUS
BO N° 712243/2023
À(s) 02:08 horas do dia 15 do mês de Novembro de 2023, na cidade de DIAS D’ÁVILA-BA, nesta Unidade Policial, onde presente se encontrava o(a) Delegado(a) de Polícia, Euvaldo Costa Dos Santos, comigo Raimundo Sergio Pinheiro Magalhaes da Silva, Escriva(o) de Polícia, ao final assinado. Antes de iniciada a qualificação do CONDUZIDO,
pela Autoridade Policial foi a ele esclarecido acerca de seus direitos constitucionais, previstos no Art. 59. incisos IXII IXIII e LXIV. notadamente o seu direito de permanecer em silêncio. assistência da família e de advogado, conforme o artigo 5°, LXIU da Constituição Federal, tendo o conduzido respondido que não possui advogado no momento, sendo que sua prisão
será comunicada ao Defensor Público oficiante nesta Comarca. Compareceu o(a)
INTERROGADO(A): Weslen Pablo Correia de Jesus,
L, devidamente qualificado(o) no(s) procedimento(s) em epígrafe. Aos costumes nada disse. Cientificado(a) da condição formal de sua oitiva, na qualidade de suposto(a) autor(a), foi informado(o) sobre os seus direitos e garantias fundamentais, previstos na Constituição Federal, dentre os quais o de não ser submetido(a) à tortura nem a tratamento desumano ou degradante, de ter respeitada a sua integridade física e moral, de permanecer calado(a), sendo-lhe assegurada a assistência de advogado(a), da identificação dos responsáveis por sua oitiva policial e da comunicação deste
procedimento a seus familiares, ou.a(s) pessoa(s) por ela(e) indicada(s). Às perguntas do(a)
Delegado(a) de Polícia, RESPONDEU: Que no dia 24/10/2023 no período vespertino, não se recordando o horário, recebeu uma ligação de GIDEÃO via whatsapp do aparelho pertencente à mulher dele, NAIARA, perguntando se o interrogado daria o celular que havia prometido, o que foi respondido afirmativamente, e que ele poderia vir buscar o aparelho; Que GIDEÃO chegou ao endereço do interrogado a bordo do NISSAN LEVINA branco, o qual havia tomando por empréstimo de um vizinho, apóstolo Hugo; Que GIDEÃO esteve na casa do interrogado duas vezes nesse dia, por volta das 20h:30mim e por volta das 22h:20min, foi quando o interrogado e VICTOR( Victor Gabriel oliveira neves) embarcaram no NISSAN e seguiram para o bairro de Valéria em Salvador, direto para casa de EDERLAN levar o celular de Sara Mariano, que estava em cima do painel do carro; Que, ao encontrar o celular de SARA, o interrogado suspeitou que algo de errado estaria acontecendo, mas mesmo assim pegou o aparelho para entregar a EDERLAN; Que, ao chegaram na Valéria, o interrogado e VICTOR desembarcaram do veiculo e encontraram EDERLAN nas escadarias que dão acesso para casa dele, onde conversaram cerca de dez minutos, ocasião em que EDERLAN disse “fiz merda, não tenho mais como voltar atrás, SARA está morta, preciso dá um fim no corpo”, e disse que pagaria R$ 2.000,00 (dois mil reais), argumentou, ainda, que o interrogado não perderia nada com ele, pois a TV SHALON estaria sempre de portas abertas para o crescimento do
interrogado, para tudo mais que precisasse; Que o interrogado aceitou a proposta sumir com o corpo de SARA; Que inicialmente planejaram embalar o corpo em sacos plásticos, havendo o interrogado e GIDEÃO comprado numa casa de materiais de construções no PHOC-III uns seis metros de plástico pretos usando para proteger esteira de laje, para embalar o corpo de
SARA e levá-lo para umas das estradas vicinais da CETREL e abandoná-lo no local deserto; Que o segundo plano era de atear fogo no corpo para desconfigurá-lo e destruir todas as
provas do local, para isso passaram no Posto de Combustíveis da Gleba-E e compraram 5L gasolina utilizando um galão plástico branco que já estava na mala do carro de GIDEÃO,
ONIX cor prata, cujo valor de pouco mais de vinte reais foi pago em espécie pelo interrogado; Que o planejamento da morte de SARA foi feito por EDERLAN, o que ocorreu em setembro do corrente ano, dia em que o interrogado e VICTOR dormiram na casa de EDERLAN, dia em que que SARA estava em Valença/BA participando de um evento evangélico; Que nesse dia EDERLAN revelou que estava sendo traído, que tinha proyas, pois havia clonado o celular dela no aplicativo whasapp no computador e pegou os diálogos, dela com o amante, ELICÁCIO, motorista de aplicativo que fazia transporte da cantora; Disse, também, que já tinha conversado com ela sobre isso, mas ela continuou mantendo relacionamento amoroso com ELICÁCIO; Que, nesse mesmo dia, EDERLAN pediu ad interrogado que fizesse um cartaz de uma evento falso em Dias D’Ávila para o mês seguinte, outubro, o qual denominaram de “outubro rosa”, e que constasse que se trâtava de uma evento para mulheres, sem participação de homens e crianças, observações que tinha o único objetivo, que era impedir SARA MARIANO de levar sua filha, ESMERALDA de 11 anos de idade; Que o transporte da cantora foi realizado por GIDEÃO, viagem acertada por EDERLAN; Que nos momentos em que o interrogado esteve com GIDEÃO, ele não estava usando máscara respiratória; Que do valor recebido de EDERLAN o interrogado deu RS 500,00(quinhentos reais) a VICTOR, R$ 400,00 (quatrocentos reais) a GIDEÃO, R$ 200,00 (duzentos reais) a DAVI OLIVEIRA (DAVI DE JESUS OLIVEIRA), e o restante, RS 900,00 (novecentos reais) ficou com o interrogado; Que GIDEÃO só recebeu R$400,00 porque já havia recebido uma aparelho celular no valor estimado de R$ 1.000,00 (Um mil reais); Que na madrugada do dia 27/10/2023 o interrogado, ViCTOR e GIDEÃO foram ao local onde estava o corpo de SARA MARIANO, em estado de putrefação, no matagal as margens da BA093, na estrada do Povoado Leandrinho, passaram por uma trilha já existente, havendo o interrogado derramado gasolina pelo corpo de SARA e toda área ao redor e em seguida acionou o isqueiro para provocar o incêndio; Que, no dia 24/10/2023, após sair da casa de EDERLAN, quando o entregou o celular de SARA e recebeu os dois mil reais, o interrogado, GIDEÃO e VICTOR seguiram para rodoviária em Salvador, onde pegaram o cantor gospel DAVI OLIVEIA, o qual se hospedou na casa do interrogado, oportunidade em que o interrogado se abriu e contou da morte de Sara, e que teria sido assassinada por EDERLAN; Nesse diálogo, DAVI OLIVEIRA passou a contar de sua dificuldade financeira, pois estava desempregado, o que comoveu o interrogado, que resolveu doar-lhe R$200,00 do valor recebido de EDERLAN, mas ele não
participou de nada.