O Ministério da Defesa anunciou nesta terça-feira a troca dos três comandantes das Forças Armadas. O general Edson Pujol, do Exército, o almirante de esquadra Ilques Barbosa Junior, da Marinha, e o tenente-brigadeiro do ar Antonio Carlos Moretti Bermudez, da Aeronáutica, se reuniram mais cedo com o ministro Braga Netto, que foi escolhido pelo presidente Jair Bolsonaro para ser o novo ministro da Defesa.
“O Ministério da Defesa (MD) informa que os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica serão substituídos. A decisão foi comunicada em reunião realizada nesta terça-feira (30), com presença do Ministro da Defesa nomeado, Braga Netto, do ex-ministro, Fernando Azevedo, e dos Comandantes das Forças”, diz trecho da nota divulgada pelo Ministéiro da Defesa.
Na segunda-feira, Bolsonaro promoveu seis mudanças no seu ministério, entre elas a saída do general Fernando Azevedo e Silva, ministro da Defesa, pasta à qual as Forças Armadas estão vinculadas. Para seu lugar, o presidente deslocou Braga Netto.
Na segunda, Azevedo divulgou nota dizendo que saiu “na certeza da missão cumprida”, sem explicar o motivo da demissão, mas ressaltando que preservou “as Forças Armadas como instituições de Estado”. O tom do texto, segundo militares, expôs a pressão que o ministro vinha sofrendo de Bolsonaro. O presidente já vinha demostrando uma insatisfação com o Ministério da Defesa, pois quer das Forças Armadas um maior alinhamento ao governo.
A maior cobrança mirava Pujol, comandante do Exército, que sempre tentou se distanciar dos vínculos com o governo. Em novembro do ano passado, com aumento das críticas ao então ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, ele disse que “militares não querem fazer parte da política”, delimitando que o Exército é uma instituição de Estado e não de governo.
A tensão foi aumentando até que Bolsonaro pediu que Pujol saísse. Azevedo e Silva atuou como escudo e não quis fazer a troca. O estopim para a demissão do ministro foi uma entrevista concedida ontem pelo general Paulo Sérgio, chefe do Departamento-Geral de Pessoal do Exército, ao jornal “Correio Braziliense” na qual ele disse que o Exército já se preparava para a terceira onda da pandemia da Covid-19. Bolsonaro pediu punição ao militar, mas Pujol resistiu e teve o aval do ministro.