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Poluição da água pode ter provocado mortandade de milhares de peixes em Raposa

Continua repercutindo um fenômeno que ocorreu no município de Raposa, na Região Metropolitana de São Luís, no início desta semana, quando uma grande quantidade de sardinhas foi encontrada morta na região costeira. As causas estão sendo apuradas pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Naturais (Sema), mas alguns especialistas no assunto acreditam que a mortandade tenha relação com o fato de que os peixes migraram para água poluída ao fugir de predadores naturais.

Um dos especialistas é o biólogo Jorge Luiz Silva Nunes, do Departamento de Oceanografia e Limnologia, do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde (CCBS) da Universidade Federal do Maranhão (UFMA). De acordo com o pesquisador, que é doutor em Oceanografia pela Universidade Federal de Pernambuco, as sardinhas, provavelmente no processo de fuga dos predadores, procuraram, naturalmente, um local mais raso para se proteger.

No entanto, esses trechos, como no caso de Raposa, estão muito poluídos, com bastante lixo espalhado na água dos igarapés, o que provoca alterações ecossistêmicas. Esse fator resulta na morte dos peixes, que ficam sem oxigênio. O biólogo também ofereceu uma explicação fisiológica para o fenômeno, uma vez que as sardinhas “ficam restritas em um lugar produzindo calor e acabam morrendo porque são muito sensíveis”. Nunes citou, ainda, a pesca de zangaria, que utiliza redes altas e quilométricas para a captura dos animais.

Ele, que tem uma vasta experiência no estudo da ecologia/biologia marinha, alertou, nesse sentido, para que os pescadores te­nham consciência dos perigos dessa prática para a fauna, sobretudo nos momentos de mudança do período de chuva para a estiagem. Caso esses cuidados não sejam levados em consideração, outros eventos com as mesmas características podem acontecer em breve, como anunciou, com preocupação, o biólogo da UFMA.

A morte das sardinhas, além desse aspecto ambiental, também tem um econômico, tendo em vista que muitas famílias sobrevivem da atividade pesqueira. A pescadora Maria José da Conceição disse estar muito preocupada com o que aconteceu. Para amenizar a situação da poluição da água, ela, espontaneamente, retira lixo, como garrafas de plástico, do mangue, evitando, desse modo, mais um problema para a sociedade e o ecossistema. Enquanto o problema que ocorreu em Raposa (e também na cidade de São José de Ribamar) não está sendo resolvido, os pescadores estão sofrendo porque as sardinhas são utilizadas como iscas para os peixes maiores.

Visita dos técnicos da Sema
Na manhã de quinta-feira, 1º, uma equipe do Laboratório de Análises Ambientais (LAA), da Sema, esteve em Raposa, após a repercussão do evento e muita reclamação da população. Na ocasião, segundo o ór­gão, foram feitas coletas e análises da água onde os peixes estavam, para posterior emissão de laudo acerca da situação. Os técnicos retiraram amostras, que foram encaminhadas para análises bacteriológicas e físico-químicas.

Os técnicos de fiscalização também estiveram nos locais para “identificar pontos de possíveis lançamentos irregulares de efluentes”. Conforme a Sema, “assim que todos os procedimentos forem concluídos, serão tomadas as devidas providências e aplicações de sanções penais cabíveis aos possíveis infratores”.

A localização
O fenômeno foi registrado na terça-feira, 30. Milhares de sardinhas fo­ram encontradas mortas em pontos distintos da área costeira de Raposa, em trechos de igarapés e mangues, surpreendendo a população logo nas primeiras horas. A grande quantidade de sardinhas foi localizada em pontos como Porto do Braga, Carimã, Vila Laci e Jussara. Ao lado das embarcações ou boian­do, os cardumes deixaram as pessoas atônitas.

De imediato, os moradores atribuíram a morte dos peixes ao uso da rede de zangaria alta, considerada prejudicial para a fauna marinha, uma vez que atrapalha na reprodução dos cardumes. No entanto, somente o laudo do Laboratório de Análises Ambientais vai confirmar o que realmente provocou o fenômeno por meio da observação científica dos dados colhidos.

De igual modo, a fim de contribuir com as explicações, pesquisadores estão analisando o episódio, para proteger a fauna e preservar o equilíbrio da vida marinha, tão prejudicada pela poluição e descaso do Poder Público.

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