Em um movimento inédito, o Senado negou a nomeação de Igor Roque para liderar a Defensoria Pública da União (DPU). Tradicionalmente, nomeações presidenciais para esse posto obtêm a aprovação do Senado. Na quarta-feira (25), o plenário do Senado votou 38 contra a nomeação de Roque, 35 a favor, com uma abstenção. Para ser aprovado, ele precisaria de pelo menos 41 votos a favor.
A postura autodeclarada “progressista” de Roque despertou preocupações entre senadores conservadores. Ele se converteu à Defensoria Pública citando razões pessoais, incluindo o desaparecimento de um tio-avô durante a ditadura, mencionado no relatório da Comissão Nacional da Verdade. Apesar disso, Roque comprometeu-se a seguir a lei em questões como aborto e descriminalização de drogas.
O advogado, anteriormente aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, enfrentou críticas após a DPU planejar um seminário sobre aborto. Rumores sugerem que a rejeição veio como uma resposta ao Supremo Tribunal Federal (STF) revisando a legalidade do aborto.
Igor Roque, escolhido pelo presidente Lula através de uma lista tríplice da DPU, experimentou uma mudança de postura após a indicação, levantando críticas internas. Além disso, sua pré-nomeação como defensor público-geral gerou controvérsias. Informações apontam que Roque fez nomeações e viajou em nome da DPU antes de assumir oficialmente.
O advogado é conhecido por sua carreira como procurador federal e defensor público desde 2013. Ele presidiu a Associação Nacional das Defensoras e Defensores Públicos Federais (Anadef) e representou o hacker Danilo Marques no caso Vaza Jato.
Após a rejeição de Roque, incertezas pairam sobre o próximo indicado para a DPU. O processo pode envolver uma nova lista tríplice ou uma escolha entre os restantes da lista atual. Se o último cenário ocorrer, Leonardo Magalhães poderia ser a escolha de Lula, já que Daniel Macedo é visto com ressalvas por alguns colegas.